Com uma carreira vencedora, EscA escolheu PUBG como seu ...

Helena Kristiansson/ESL
Kim 'EscA' In-jae, líder da equipe de Overwatch da Lunatic-Hai, passou a jogar PlayerUnknown's Battlegrounds

Kim 'EscA' In-jae, líder da equipe de Overwatch da Lunatic-Hai, passou a jogar PlayerUnknown's Battlegrounds

Era uma tarde de novembro gelada e com muito vento quando fui visitar Kim "EscA" In-jae em sua nova casa, a sede da equipe de PlayerUnknown's Battlegrounds da KSV. Foi no 29º andar de uma luxuosa torre residencial, fora de Seul. O lobby do edifício tinha piso de mármore brilhante e duas escadarias sinuosas.

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EscA me cumprimentou quando cheguei ao apartamento. Ele estava usando um casaco de cor marfim, calças cinzas e um par de meias brancas com grandes smileys estampados. Os corredores estavam cheios de caixas de papelão com monitores e periféricos; não faz muito tempo que eles se mudaram. A equipe foi montada há apenas algumas semanas.

"No final de outubro ou início de novembro, não consigo lembrar exatamente", disse o jogador.

EscA me levou para além da espaçosa sala de estar, onde dois integrantes da KSV estavam filmando um colega de equipe e em um dos quartos. Com um sorriso convidativo, ele me colocou em uma cadeira de jogo, sentou em outra e calmamente esperou que a entrevista começasse.

Esta não seria a primeira entrevista de EscA, nem mesmo a sua centésima. Ele tem jogado profissionalmente desde 2010, quando estreou como jogador de Special Force da STX SouL, uma organização já extinta da KeSPA.

Special Force era um FPS baseado em equipe - semelhante à Counter-Strike, mas com algumas influências de Quake - e EscA desempenhou principalmente como um entry-fragger. Com a STX, ganhou cinco torneios importantes ao longo de dois anos. Quando Special Force 2 foi lançado em 2011, ele se mudou para a sequência e ficou ainda melhor, ganhando mais um campeonato e sendo considerado uma lenda no game.

"Quão bom você era na série em Special Force era?" Perguntei. "Acho que tinha a melhor carreira geral na série", ele respondeu timidamente. "Mas não diria que eu era o ryujehong de Special Force. Diria que eu estava logo abaixo desse nível".

Infelizmente para EscA, à medida que sua habilidade crescia, a popularidade do jogo diminuiu. No final de 2012, a KeSPA suspendeu o torneio Proleague Special Force 2 e STX foi dissolvida. Para continuar sua carreira de jogador, EscA decidiu se aventurar por um ano em League of Legends, a novidade da época.

As coisas correram bem. Embora ele não tivesse uma base no MOBA, EscA conseguiu chegar ao Challenger sem muito problema. Com o passar do tempo, no entanto, ele começou a sentir falta de suas raízes no FPS. Ele também não tinha certeza se League era um título em que no qual poderia se tornar um dos melhores do jogo.

Naquela época, os salários não eram altos na LCK – o cenário estava longe de ser tão grande ou tão glamoroso como hoje - então EscA não via perspectiva em continuar a seguir uma carreira que não fazia " bem para ele". EscA escolheu sair de League e retornar ao gênero FPS.

O título que escolheu foi Black Squad. Sob a bandeira da Lunatic-Hai, competiu nas Temporadas 1 a 3 da Black Squad Night, a principal liga da Coreia do Sul para o jogo. Eles ganharam todas as três temporadas de forma dominante.

"No Black Squad, eu era o ryujehong do jogo", EscA disse de maneira radiante. "Eu era o melhor. Outros times sempre provocavam nossa equipe em entrevistas dizendo que não seriam nada sem mim".

EscA explicou que o ritmo lento do jogo se encaixava bem em seu estilo. Black Squad tem muito menos elementos FPS em comparação com à Force Special. Isso lhe dava mais tempo para pensar sobre qual seria sua próxima ação, o que complementou suas principais forças como jogador: inteligência e criatividade.

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Jogadores da Lunatic-Hai celebram após vencer a Terceira temporada da OGN Overwatch APEX

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Quando EscA começou a jogar Overwatch, ele acabara de deixar Black Squad. Ele foi considerado um jogador excepcionalmente mecânico. Por exemplo, EscA foi reconhecido como um dos Top 3 da Coreia do Sul. Mas no início de sua segunda temporada profissional, sua vantagem física começou a diminuir. Para explicar isso, ele se reinventou ao jogar um estilo mais cerebral, orientado para a equipe, girando em torno da estratégia, em vez de superar seus oponentes.

Essa mudança não foi bem recebida, pois esses estilos são mais difíceis de apreciar. Mas sua maneira de ignorar suas limitações foi inegavelmente eficaz, e ele colheu um enorme sucesso competitivo com essa nova abordagem até sua aposentadoria no jogo.

Os fãs menos informados de Overwatch podem ser rápidos ao usar EscA como um meme, uma piada de um DPS. Aqueles que por muito tempo acompanharam a APEX, no entanto, lembram seu brilho recorrente em criar jogadas decisivas. Não é coincidência que os melhores heróis de EscA em Overwatch fossem Mei e Sombra - duas escolhas que permitem a máxima liberdade criativa enquanto não são mecânicas. Sobre esses personagens, ele poderia facilmente compensar sua falta de fisicalidade através de um jogo engenhoso.

Em um mundo ideal, EscA teria mantido a pegada mecânica contra muitos novos talentos que surgiam todos os dias. Mas poucos jogadores em qualquer esport podem ser capazes de competir com prodígios 10 anos mais novos do que eles. No Overwatch coreano, Ryu "ryujehong" Je-hong pode ser o único exemplo. E nem todos podem ser ryujehong.

"Eu realmente tentei dominar novos heróis como Genji", disse EscA, "mas senti como se houvesse uma parede. Eles dizem que você tem que ser jovem para jogar bem com Genji, e talvez para mim tenha alguma verdade nisso. Mas eu deveria tentar pelo menos os outros heróis que usam projéteis. Ainda me arrependo de não ter praticado o suficiente ".

No entanto, EscA não alcançou a habilidade necessária com novos heróis até sua aposentadoria no jogo. Em sua defesa, isso realmente não importou por um longo tempo; Lunatic-Hai foi capaz de vencer campeonatos sem que ele precisasse escolher um. No entanto, tanto o meta como as competições chegaram a um ponto em que seu grupo estreito de heróis tornou-se uma deficiência. Foi o começo do fim de sua carreira em Overwatch.

Em retrospectiva, talvez EscA devesse superar suas limitações, não as transcender.

EscA era um candidato a estar na Overwatch League. Ele estava na lista inicial das inscrições da Seul Dynasty. Embora seu jogo tenha caído nos últimos meses, a equipe o considerou um membro vital.

"Quando EscA está em ação, toda a equipe muda", disse o treinador da Dynasty, Baek Kwang-jin. "A confiança entre ele e os outros jogadores é palpável. Eu realmente queria que ele viesse conosco".

Mas aí Battlegrounds começou a ganhar força, e percebi que o jogo tem potencial suficiente para se tornar algo ainda maior do que a Overwatch League, mesmo se não seja a curto prazo.

Kim 'EscA' In-jae

Mas para EscA, a decisão não foi simples. Aos 26 anos, ele tem apenas dois anos para jogar profissionalmente antes de ingressar no serviço militar obrigatório. Se ele escolhesse a Overwatch League, seria o último jogo de sua carreira como jogador. Ele não tinha certeza se era o que desejava.

"Eu queria um último desafio", disse ele. "E até pensei que este desafio seria na Overwatch League, para provar a mim mesmo que ainda era um jogador de nível. Mas aí Battlegrounds começou a ganhar força, e percebi que o jogo tem potencial suficiente para se tornar algo ainda maior do que a Overwatch League, mesmo se não seja a curto prazo".

A promessa da Overwatch League de ser a principal competição internacional foi atraente, mas para EscA, o desafio em si não era algo completamente novo. Ele já havia competido e ganhado em torneios internacionais várias vezes ao longo de sua carreira, afinal - ambas as vitórias na APEX e a Copa do Mundo de Overwatch - envolvem vitórias sobre as melhores equipas estrangeiras. Ele realmente precisava repetir suas conquistas?

Por outro lado, Battlegrounds apresentou uma chance para EscA mostrar seus talentos em outro subgênero do FPS: battle royale. Seria mais difícil, mas gratificante. E se ele quer uma grande vitória em um torneio de PUBG, ele provará ser um jogador de classe mundial em cinco títulos FPS diferentes. Parecia um bom número interessante para finalizar sua carreira.

"Sempre me senti um pouco estressado jogando Overwatch", disse ele. "Embora eu tenha me esforçado, nunca senti como se fosse o jogo certo para mim".

Jogando ao lado de Lee "LEETAEJUN", Tae-jun, que foi companheiro de equipe de EscA em todos os títulos desde Special Force 2, certamente será reconfortante.

Enquanto não esteja claro para EscA qual será seu estilo de jogo em PUBG, ele imagina que suas tendências em pensar "fora da caixa" e fazer manobras imprevisíveis podem ser seu diferencial.

"Eu ainda sou a mesma pessoa, certo? Somente o jogo é diferente". Ele sorriu. "Eu ainda sou o mesmo jogador".