Com bolsa de estudos de eSports nos EUA, brasileiro quer inspirar ...

Bolsas de estudo para atletas são normais no Estados Unidos. Futebol americano, basquete, beisebol... E agora também esportes eletrônicos. Protagonistas de um mercado com cifras impressionantes, as modalidades virtuais ganham cada vez mais espaço nas universidades americanas. Prova disso é o brasileiro Giordano Pereira, de 20 anos - estudante e jogador de League of Legends pela Missouri Valley College.

O gaúcho teve o interesse pelos games despertado através do irmão (César "LegolaS" Pereira, que já foi campeão da Copa América de Hearthstone) e do primo, que gastavam boas horas jogando Resident Evil nas férias de verão, durante a infância. Ele apenas "assistia, maravilhado", segundo palavras do próprio. Giordano acredita que, de certa forma, os jogos eletrônicos sempre fizeram parte dele.

- Eu jogava Dota. Na comunidade, falavam muito mal de League of Legends. Era a piada, mesmo sendo do mesmo gênero. Falei: "Ué, é tão ruim? Vou testar". Não gostei, nem desgostei. Naquela época, nem joguei ao nível 30, para jogar ranqueadas. Depois de dois anos, voltei porque alguns amigos estavam jogando, e não parei mais. Criei uma paixão pelo competitivo - contou, em entrevista exclusiva ao SporTV.com.

Giordano enquanto estava em Porto Alegre — Foto: Acervo PessoalGiordano enquanto estava em Porto Alegre — Foto: Acervo Pessoal

Giordano enquanto estava em Porto Alegre — Foto: Acervo Pessoal

Ele chegou a ganhar um campeonato em Curitiba, em 2017, mas não a ponto de se tornar famoso no cenário nacional. A ideia de estudar nos Estados Unidos com uma bolsa de estudos para atletas surgiu em um grupo no Facebook. Porém, a vaga na universidade dependia de um processo seletivo, que foi intermediado pela MVP Exchange, uma agência especializada em intercâmbio esportivo. Após entrevista com o técnico do time de LoL, Giordano foi aprovado. Partiu para os EUA e entrou de cabeça em uma rotina de determinação.

- Antes de vir para cá, fiquei três meses sem jogar. Meu computador tinha dado problema, eu não podia gastar dinheiro. Eu comecei a ficar na nossa arena aqui das 15h às 21h, pra ficar bom no jogo de novo, para representar bem o Brasil e fazer com que as universidades olhem para os brasileiros e nos vejam como um talento natural para isso. Tem muito brasileiro aqui jogando futebol, vôlei, mas também temos talentos nos eSports - disse.

- É novo para muita gente ainda. Aqui no campus, muita gente das outras atléticas, de futebol americano e basquete, me param e perguntam. Sabendo que estou com bolsa de esporte, falam sobre Fortnite, FIFA. Eles dizem que querem conhecer mais. É algo novo, mas tem bolsa em universidades em todo país por aqui. A tendência é que essas bolsas se espalhem pelo Brasil também, acho que vai crescer em breve - completou.

- É uma paixão, o sonho de moleque. Aqui nos Estados Unidos, eles têm uma estrutura de base nas escolas, com campeonatos, programas de eSports. Não é à toa que tem tantas medalhas de ouro em qualquer esporte

No Brasil, as Atléticas com espaço dedicado aos eSports têm se espalhado também, ainda que com investimento mais discreto. O TUES (Torneio Universitário de eSports) é o representante do competitivo mais relevante deste contexto. Giordano acredita que o desenvolvimento passa muito por um conceito que deve surgir desde a época do colégio.

- No nosso país, o eSport nunca teve um investimento absurdo, mas criou jogadores melhores do mundo no Counter-Strike, por exemplo. É uma paixão, o sonho de moleque. Aqui nos Estados Unidos, eles têm uma estrutura de base nas escolas, com campeonatos, programas de eSports. Não é à toa que tem tantas medalhas de ouro em qualquer esporte, há uma grande base em toda modalidade - argumentou.

A intenção do jovem, agora, é inspirar mais promessas do eSport brasileiro a buscarem o sonho de aliar os estudos em uma grande universidade à carreira nos games. Para isso, ele criou um canal no YouTube e passou a mostrar o seu dia a dia fora do país.

- Muita gente tem entrado em contato comigo, mandando mensagem de apoio, perguntando como faz. Tem muita gente querendo ir atrás desse sonho. Muitos falam que minha história deu esperança de fazer algo diferente, que deu um motivo para ficar feliz. Eu sabia que tinha o dever de compartilhar isso. A minha performance aqui vai ser muito importante - afirmou.