RIO - Pela primeira vez desde 2014, o Rio de Janeiro receberá a final do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL). De acordo com Riot Games, desenvolvedora e distribuidora do jogo, a capital fluminense receberá, no dia 7 setembro, a decisão do segundo split do CBLoL 2019, na Jeunesse Arena, na Barra. O campeão do evento ganha uma vaga no Worlds, campeonato mundial da modalidade que será realizado ainda este ano, na Europa, em data e local a serem definidos.
Da última vez que o Rio recebeu uma final do CBLoL, a sede do evento foi o Maracanãzinho. Na ocasião, o a Kabum! eSports venceu a CNB por 3 a 1 e conquistou o primeiro dos seus três títulos brasileiros. Em 2017, a capital fluminense foi a sede do Mid-Season Invitational (MSI), mundialito de League of Legends vencido pela SK Telecom T1, da Coreia do Sul.
Em entrevista ao GLOBO, o diretor de e-Sports da Riot Games no Brasil, Carlos Antunes, falou sobre o crescimento do cenário competitivo do League of Legends e os motivos que levaram à empresa a escolher o Rio como sede da final da próxima edição do CBLoL, que começa neste sábado e terá com a participação de oito equipes: CNB, Flamengo eSports, INTZ, Kabum!, Pain Gaming, Redemption, Uppercut e Team One.
O 2° Split do CBLoL tradicionalmente é realizado em arenas ou estádios, mas não passava pelo Rio de Janeiro desde 2014, quando a Kabum foi campeã no Maracanãzinho. O que motivou mais a decisão de trazer o evento de volta à cidade?
Quando organizamos a final do CBLoL no Maracanãzinho, em 2014, nosso principal objetivo era não só levar um espetáculo para a comunidade de jogadores de League of Legends do Rio de Janeiro, como também endossar os esportes eletrônicos como um esporte legítimo. Organizar um evento como a final do CBLoL no Maracanãzinho foi simbólico, porque levamos para o ginásio, onde normalmente atletas de diferentes modalidades disputam títulos, os atletas desta nova geração. Era nossa responsabilidade, à época, fortalecer o cenário, endossar os Esports e mostrar para uma audiência mais ampla toda a emoção desta nova modalidade.
Há um grande número de jogadores profissionais de League of Legends do naturais do estado do Rio, como BrTT, Revolta, Ayel e Riyev. Além disso, tivemos, no fim de 2017, a criação do Flamengo e-Sports, cuja maior parte da torcida também é do Rio. Esses fatores tiveram algum peso?
O Rio de Janeiro é muito importante para a comunidade de League of Legends. E, sem dúvida, a torcida tem uma grande ressonância com os atletas conterrâneaos, que inspiram outros tantos entusiastas de eSports. Tudo isso nos motivou a voltar para o Rio. A cidade tem recebido muitos eventos de esportes eletrônicos e nossa experiência mais recente, no MSI, foi muito positiva. A torcida deu um show à parte e impressionou a organização e os atletas da elite do LoL. A final do CBLoL será histórica e estamos muito felizes em voltar para o Rio.
A cidade do Rio tem recebido nos últimos anos grandes eventos de e-Sports, como o Mid-Season Invitational e as finais mundiais da Pro League de Rainbow Six Siege. Essas experiências anteriores serviram como uma chancela para a cidade voltar a receber o CBLoL?
Com certeza. Os eventos realizados na cidade têm ganhado repercussão nacional e internacional. Nossa experiência com o MSI foi muito positiva. Contar com a força da torcida em um momento tão importante, como em uma decisão que classifica um time brasileiro para o Mundial, é imprescindivel para o espetáculo. É preciso levar em conta também a infraestrutura ofererecida pela Jeunesse Arena, que permite à nossa equipe criativa organizar um evento capaz de entregar à comunidade uma experiência à altura de uma grande final.
Cinco anos atrás, quando houve a final no Maracanãzinho, os e-Sports ainda eram vistos no Brasil como algo mais de nicho, embora já estivessem crescendo. O que mais mudou nesse período?
Muita coisa mudou nos últimos 5 anos. Na época, os eSports ainda precisavam se provar e necessitavam de endosso para serem reconhecidos como um esporte legítimo. Hoje é diferente. As equipes têm patrocinadores de peso, e o próprio CBLoL trouxe para o cenário marcas de prestígio, que já apoiam os esportes tradicionais. Esse é um reconhecimento que chegou com o tempo e com o árduo trabalho de todo o ecossistema em profissionalizar os esportes eletrônicos no Brasil. Além disso, vemos também a presença cada vez mais forte dos eSports em diversos outros espaços de mídia (como o SporTV, que desde 2017 é nosso parceiro na transmissão do CBLoL) e a presença de cada vez mais eventos independentes.Tudo isso junto aumenta a relevância do cenário de Esports, atraindo cada vez mais público.
O cenário tem se profissionalizado cada vez mais, seja em estrutura, salários de atletas ou exposição. Em função disso, a Riot Brasil estuda promover algum tipo de mudança no CBLoL, seja em relação ao formato do torneio, número de participantes ou aumento de premiação?
Essa é uma discussão recorrente que acontece todos os anos, no início de uma temporada. Estudam-se formatos, desde a quantidade de partidas por rodada até evoluções mais complexas como o modelo de Franquias adotado em outras regiões, mas ainda não temos nada definido em relação ao futuro do CBLoL. Essa é uma conversa que temos tido com as organizações e o objetivo é sempre aprimorar o torneio de modo que todos possam seguir evoluindo. O número de equipes, por exemplo, está intrinsecamente ligado ao formato e ao calendário do torneio. Em relação à premiação, nossa diretriz é buscar aumentar a receita dos times participantes por meio do crescimento da liga como parceiro de marcas, trazendo patrocinadores para que seja possível compartilhar essa receita com todas as equipes do CBLoL em um caráter de longo prazo e durante toda a parceria.
Mesmo com o crescimento do CBLoL nos últimos anos, as equipes brasileiras têm acumulado campanhas ruins em campeonatos internacionais. Você teme que isso possa colocar em risco a garantia da participação de times brasileiros nesses eventos caso os resultados não melhorem?
É importante para a região mostrar uma boa performance nos palcos internacionais e, por isso, trabalhamos em conjunto com os times para buscar soluções. Em 2019, mudamos o formato do torneio (antes em formato melhor de três partidas para três rodadas em formato melhor de uma partida) para que os atletas tenham novas estratégias de treino e jogo, além de conseguirem chegar ao MSI e Mundial mais preparados, pois este formato é um dos formatos de entrada destes campeonatos. Temos a plena convicção de que há no Brasil atletas que podem disputar de igual para igual com regiões similares. Não tememos perder uma vaga nos campeonatos internacionais e temos certeza de que a torcida não abandonará seus times em resposta à performance no exterior. Ao contrário, acreditamos que estarão presentes dando apoio e ao mesmo tempo cobrando e motivando as evoluções de seus times. As equipes têm se esforçado para mudar essa premissa e têm trazido, inclusive, atletas e técnicos de regiões de elite, como a LCK (a liga coreana, de onde todos os times campeões mundiais entre 2013 e 2017), para implementar a estratégia de jogo.
Em termos de audiência, como tem sido o desempenho do CBLoL nos últimos anos?
O desempenho do CBLoL em relação ao consumo de conteúdo e horas assistidas tem nos deixado muito satisfeitos. Esse crescimento é uma resposta não apenas à chegada de um novo público, que passa a acompanhar os eSports, como também a projetos de conteúdo que geram engajamento, como programas de análise e reality shows, e transmissão de torneios internacionais. Além das transmissões de partidas ao vivo, que acontecem nos canais da Riot (YouTube, Twitch e Cube TV) e na TV (SporTV), temos visto um aumento significativo no consumo de vídeos sob demanda em nossos canais.